Além dos limites da paixão

15/05/2011 12:48

 Como a igreja tem lidado com as questões do coração de seus adolescentes e jovens e como ela os têm prevenido acerca dos riscos de uma paixão incontrolável  Marcelo Ferreira

 Fulminante, imprevisível e, muitas vezes fatal. É o que pode se dizer de uma paixão incontrolável. Para aqueles que estão nessa condição, parece não haver limites ou barreiras. Juntos, seu mundo parece o melhor. Não que esse mundo tenha mudado. É porque estão apaixonados.

Como Romeu e Julieta, alguns – para não dizer muitos – chegam ao extremo de dar cabo a vida a optar pelo fim do romance. 
Outros, não suportando o seu fim, acabam selando a vida também com a morte, quer da pessoa amada, quer dele mesmo ou ainda do futuro pretendente. Daí, a paixão ser fulminante, imprevisível e fatal muitas vezes. A justificativa “Matei por amor” é a que mais se ouve. Por isso, surgiu, na década de 80, o slogan “Quem ama, não mata”, que marca a luta das mulheres contra a violência infligida pelos seus parceiros. São os chamados crimes passionais, movidos pela paixão. Não é em vão que, em tempos passados, o apóstolo Paulo tenha aconselhado ao seu jovem discípulo Timóteo: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade...”(II Tm 2:22)   O que fazer então com essa paixão? É fato inegável que ela não escolhe suas vítimas, a despeito de cor, raça, posição social, religião. Assim, qualquer um pode ser presa fácil, mesmo – e, talvez, principalmente – os cristãos, que a cada dia procuram e desejam manter-se íntegros, quer moral, física e espiritualmente, sendo a santidade o alvo único e mai
or. 
O que devem fazer os pastores e líderes ao se deparar com adolescentes e jovens nessa situação? Qual tem sido a orientação da igreja evangélica sobre a questão, e o que ela pensa sobre o namoro?  Uma vez que os valores hoje têm se tornado cada vez mais relativos e a sexualidade cada vez mais precoce, como a igreja pode conter o avanço da imoralidade, a fim de evitar problemas como Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), gravidez inesperada e indesejada, além de outras conseqüências sem precedentes? Confira o que pensa alguns líderes de algumas das principais igrejas de que temos conhecimento, principalmente acerca do namoro e/ou da corte.    “Vivemos hoje dentro de uma cultura ocidental. E dentro dessa cultur, o método, o modo, o processo mais normal para alguém um dia chegar ao casamento é o primeiro degrau chamado namoro. Depois vem o noivado e, por último, o casamento. O homem é corpo, alma e espírito. Reconhecemos, então, que o primeiro degrau é a união de alma (namoro).
E a alma nada mais é do que a mente, a emoção e a vontade. Em seguida o degrau intermediário, o noivado – união de espírito –, até chegar na união de corpo, o casamento. Satanás inverteu esse processo. Ele quer buscar a união de corpo e depois a união de alma. A base de um casamento é a união espiritual. Não podemos departamentalizar o casamento, pois ele é um todo. Nós aqui naIgreja Batista da Lagoinha percebemos que a nossa cultura deve ser uma cultura de referencial. O termo namoro perdeu muito o seu significado, a sua beleza e a sua inocência que havia no início. Atualmente, o namoro se transformou mais numa liberdade para a defraudação. Já a corte é algo completamente diferente.
Ela não vem substituir o namoro, mas vem trazer uma compreensão bíblica, através do qual há um envolvimento mais significativo da família. A iniciativa não parte só da pessoa interessada e há todo um envolvimento dos pais e da família nessa aproximação. Uma das características da corte é que ele não permite o envolvimento físico. É importante que o casal deixe todas as impressões físicas para depois do casamento. Aqui na igreja estamos trazendo um novo enfoque, uma nova cultura e uma nova mentalidade, que é a corte, na qual existe o envolvimento dos pais em todo o processo. 
O casal, dando esse primeiro passo, tem uma compreensão mais de amizade, algo mais espiritual, do que propriamente aquela cultura de namoro, com abraços, beijos e carícias.”  Pr. Márcio ValadãoIgreja Batista da Lagoinha   “Somos partidários da corte. O que o mundo chama de namoro não passa de fornicação e adultério camuflado e é uma condução natural ao pecado aberto. Mesmo o virtual. Temos exemplos trágicos resultantes do namoro virtual. Creio que nenhum jovem deveria assumir um compromisso sem ter condições de casar-se. 
O compromisso deve sempre visar o casamento e não o entretenimento. Antes, os jovens cristãos devem orar e manter um companheirismo sadio no meio da turma. Não determinaria uma idade, porque isso é muito relativo. Mas estamos buscando aprender com o ministério Casados Para Sempre e Veredas Antigas.”  <B Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo  Ministério Palavra da Fé   “Assumir um relacionamento é bíblico, pois Deus mesmo disse que ‘não é bom que o homem esteja só’. Porém, tem que haver orientação sobre a responsabilidade que será assumida, para não haver problemas futuros. Não aprovo o namoro virtual”.  Pr. Anselmo Silvestre Assembléia de Deus  em Belo Horizonte   “Oriento as minhas filhas para que elas não comecem a namorar antes dos 16 anos. Reconheço, entretanto, que cada família (pai e mãe) tem as suas normas. O namoro virtual virou moda. Entendo que a internet é uma forma de contato como outra qualquer (telefone, correio, etc). Evidentemente nenhum relacionamento pode perdurar sem o conhecimento pessoal. 
O namoro é um passo importante para um maior conhecimento da outra pessoa. Penso também que a questão do jugo desigual não tem relação apenas com fé. Outras questões também podem ser consideradas jugo desigual como por exemplo: posição social, grau de instrução, idade, etc. Não sei nada sobre corte.”  Pr. Marcelo Gualberto Mocidade para Cristo   “Os costumes hoje diferem muito daquilo que a Bíblia mostra. 
À medida que as pessoas vão chegando pra igreja, precisamos mostrar a elas os princípios da relação homem-mulher como sombra da relação de Deus com a sua Igreja. Tem de haver instrução e deve-se se apresentar os princípios que a Palavra mostra, para que esses novos convertidos estejam mudando suas atitudes e seu comportamento nessa área. 
Em primeiro lugar é preciso preparar nossos adolescentes e jovens para o fato de que seus pais não são perfeitos, já que, no momento em que vamos trabalhar com eles, eles têm os pais como ponto de referência. Temos que mostrar a eles a responsabilidade que têm de ter com Deus e consigo mesmo, para que, dentro de casa, ou fora dela, ele seja um agente positivo de orientação. A responsabilidade é individual.”