Uma Difícil decisão para Davi

18/01/2012 15:26

 

Decisões são quase sempre difíceis. Para Davi não foi diferente, seu filho desejou o seu trono e a única forma de obtê-lo seria declarar guerra contra o próprio pai, será que Davi poderia evitar isso? Quem poderia prever essa atitude do jovem Absalão? Penso que, entre os mortais, ninguém. Por isso, restava a Davi decidir, aceitar ou não a guerra que Absalão havia declarado.

Davi foi um homem de muitos dramas, desde sua infância viveu momentos que o diferenciaram de qualquer ser humano que conheço. Pense comigo, na figura de um menino de apenas doze anos, que ao se deparar sozinho com um urso feroz, foi ao encontro de uma fera que em pé pode atingir a altura de até dois metros, mesmo assim ferir e matá-la?!

Só depois de você entender o plano que Deus tinha na vida desse valente chamado Davi, você entenderá a razão da história desse homem, Davi tinha suas emoções iguais as minhas e as suas, seus medos, seus dramas, nada diferencia a vida dele com a nossa, e esse paralelo você encontrará principalmente na questão espiritual, depois de entender as qualidades e os defeitos de Davi, compreender seus dilemas, seus erros, suas tristezas e alegrias, conhecer as situações que o levavam do céu ao inferno, somente depois disso, você entenderá melhor a vida de um crente na terra, e saberá como enfrentar lutas e como vencê-las, mas principalmente, como manter-se vivo na batalha da vida.

Depois de uma fuga para evitar um confronto mortal com seu próprio filho, Davi se concentrava apenas em encontrar uma forma de manter o jovem rebelde vivo! Como rei, ele tinha a obrigação de aceitar a declaração de guerra que Absalao havia feito, tinha o dever de guerrear pra defender o trono! E muito mais que isso, uma grande parte do povo havia permanecido com ele, apenas uma pequena parte do numeroso exército tinha se rebelado junto com Absalao, assim sendo, seus oficiais aguardavam anciosos a ordem de partir para o confronto.

O momento de partida para a guerra era conhecido e costumeiro de todos. O povo se reunia em frente das tendas, as famílias se juntavam para a despedida e uma tristeza pela incerteza da volta abatia toda a nação de Israel. Quando se trata de guerra, você bem sabe, sempre foi e sempre será assim.

Mas, aquele dia a partida tinha um gosto diferente para Davi… em pé dentro de sua tenda, muitas coisas passavam na cabeça do velho rei, um filme lhe vinha a memória e ele se via em cada saída das guerras passadas.
Quantas batalhas havia enfrentado! Quantas vitórias havia conquistado! Quantos despojos de guerra seu povo havia trazido dos reinos vizinhos? Mas, agora era diferente, não havia um inimigo que ele desejasse matar, não havia um rei com terras férteis declarando guerra contra Israel, não havia algo para que o motivasse a partir para o confronto.

Davi estava diante de um inimigo que não lhe dava ânimo para enfrentar, como pode um pai matar um filho? Qual motivo coerente e justificável para isso? Como sentir prazer em declarar guerra contra soldados que ele mesmo havia treinado? O gosto amargo do silêncio, lhe fazia escolher esse momento como sendo a pior situação que já havia enfrentado…

No coração de Davi podia até nascer desejos para entrar numa guerra, mas, isso era quando se tratava de defender o interesse da nação eleita por Deus! A grande verdade é que Davi tinha um coração que jorrava amor… talvez esse seja o motivo de ser chamado de “Um homem segundo o coração de Deus…”

Em pé, olhando para a espada ao lado de seu escudo, Davi lembrou o tempo em que fugiu como um cão da fúria de Saul, e essa lembrança lhe fez perceber que era o mesmo sentimento que lhe abatia agora, ele pensava: – Um dia tive que fugir de Saul, mas não foi uma fuga por medo de morrer, e sim por medo de matar o ungido de Deus. E, agora outra vez, me encontro nesse dilema, sinto medo de ter que matar alguém que tanto amo.

O silêncio da tenda foi quebrado com a entrada do fiel comandante Joabe, ele entrou com uma proposta firme para Davi, respeitosamente era quase uma ordem que vinha do povo, e esse diálogo foi o início do texto anterior chamado “Uma ameaça a Davi”, e dizia o seguinte:

Iremos sem tua companhia ó rei; porque se fugirmos, eles não se importarão conosco; nem se importarão conosco ainda que morra metade de nós; porque tu vales por dez mil tais como nós. Melhor será que fiques e da cidade nos mandes socorro.

Diante de tal proposta imagino que Davi ficou dividido entre o alívio e aflição… Não estar no comando daquela guerra, era evitar um confronto pessoal entre ele e Absalão, por outro lado, não estar naquela guerra, era também não ter a garantia de que alguma coisa ruim pudesse não acontecer ao jovem rebelde… Por isso, Joabe e outros dois comandantes de batalhões, tiveram que ouvir uma longa e pesada recomendação, que em síntese era assim:

Se vocês realmente tem amor por mim, por favor… tratem o moço com cuidado e não permitam que alguma coisa ruim lhe aconteça, ou seja, pedia com uma gentileza profunda: “Não o matem!”

Depois das últimas recomendações, veio a ordem do grande general que ficava para trás. As trombetas soaram emitindo um som de arrepiar qualquer valente, a cavalaria se moveu lentamente tomando forma de marcha, mulheres acenavam em lágrimas para seus maridos, o olhar cansado dos idosos acompanhavam a cavalaria levantar poeira do chão, soldados e suas lanças nervosas se distanciavam, e uma solidão com sabor de tristeza ficavam para trás dentro de uma tenda… era o coração de um valente que apertado previa uma tragédia…

Decisões são sempre difíceis…. Davi quem diga!!

seguem nos próximos posts o desenrolar dessa emocionante história!

Em Cristo;