Como Nossa Visão de Deus Afeta Nossa Adoração

16/10/2012 16:45

Como Nossa Visão de Deus Afeta Nossa Adoração
Atos 2.42-47

 

INTRODUÇÃO
Não há como fugir deste fato: “A visão que tivermos de Deus, fatalmente afetará as nossas atitudes de Adoração”! Considerando que “Adorar” é “prestar culto”, como poderemos cultuar um Deus que desconhecemos ou então, que conhecemos com uma visão errada? Vamos observar alguns conceitos errados sobre quem é e como age o Senhor; concei­tos que podem ser conscientes ou não, mas que afetam a muitas pessoas negativamente, dificultando o seu relacionamento e sua Adoração a Deus.

1. VISÕES ERRADAS SOBRE DEUS
J. B. Phillips, no seu livro “Seu Deus é Pequeno Demais” (também editado anteriormen­te, com o nome “Deus e deuses", Ed. Mundo Cristão, pp. 9 a 50), nos mostra esta realidade, denunciando os conceitos inadequados que muitos têm sobre o Senhor. Este fato tem gerado como conseqüência, a decepção com Deus, enfraquecimento da fé e em alguns casos, um distanciamento cada vez maior do Senhor. Adaptamos aqui, alguns dos exemplos ali citados:

O policial Onipresente - são pessoas que transformam a sua própria consciência, em Deus. Muitas vezes, são demasiadamente severas consigo mesmas e acham que Deus também deve ter a mesma imagem “impiedosa”. E a visão de um Senhor “massacrante”, que não usa de misericórdia e compreensão diante dos erros, mas sim o juízo, que é utilizado sempre contra o faltoso.

Tal pai, tal Deus - fazem uma transferência da imagem paterna. Caso seu relacionamento com a figura paterna é, ou tenha sido bom, o Senhor é tratado como uma pessoa “maravilhosa”. Mas se o relacionamento é ou foi um “desastre”, imediatamente é feita uma comparação com Deus, que passa a ser encarado com dificuldade.

O idoso antiquado - pessoas que tratam a Deus com muito respeito (como tratam as pessoas idosas), por tudo o que Ele fez aos nossos antepassados. Mas acham que dificilmente conseguiriam se adaptar às correrias e complicações do mundo e dos problemas da atualidade. E como se dissessem: “Deus agiu fortemente no passado, mas hoje Ele está enfraquecido”.

O manso e suave - essa é a imagem que alguns têm de Deus : bonzinho, calmo, que jamais fala algo que os outros não vão gostar. Talvez uma boa imagem fosse a do “Papai Noel”: uma pessoa simpática para todos os que se aproximam. Na verdade, Deus nem sempre é “manso e suave” e quando precisa falar o que é certo, Ele fala, mesmo que as pessoas não gostem. Deus é amor, cheio de bondade e misericórdia, mas também é JUSTO! (Rm 1:22).

O Deus dos 100% - crêem que o Se­nhor quer de nós “perfeição absoluta”. Agem como se Deus não ouvisse suas súplicas e clamores, enquanto não estiverem “ 100% certinhos” diante do Senhor. Deus é na verdade a Perfeição absoluta, mas Ele não é um “perfeccionista doentio”, que não conheça as falhas do ser humano. Ele ama e está disposto a socorrer àquele que O busca, sinceramente arrependido pelos pecados cometidos.

O Deus do escapismo - é o indivíduo que busca a Deus somente para escapar dos problemas. “Usa” o Senhor como uma desculpa para não cumprir suas responsabilidades diante das dificuldades. Escondem-se nesta atitude, até que passem os perigos. O Senhor certamente é o nosso “refúgio seguro” na hora da angústia. Mas não podemos “usar” a Deus como “fuga”, para não fazer a nossa parte diante dos problemas.

O Deus capturado - são pessoas que agem, como se Deus só pudesse se manifestar com intensidade através da sua comunidade. E como se estas pessoas houvessem “capturado Deus" entre as 4 paredes de sua igreja, achando que só eles são objetos do Seu amor. Na verdade estes indivíduos praticam o “igrejismo”, ao invés do cristianismo bíblico.

O Deus Diretor-Presidente - estes, consideram o Senhor como Aquele que é “grande demais” e “ocupado demais” para se importar com pequenos problemas como os deles. Geralmente são pessoas que acabam se distanciando de Deus, devido a essa postura de achar que Ele não irá atendê-los em suas dificuldades. Embora Deus seja o Senhor do Universo, Ele está interessado em nós! Por isso, enviou Jesus para ser o Caminho de reaproximação entre o homem e Deus.

O Deus “de segunda-mão” - o conhecimento que essas pessoas têm de Deus muitas vezes não é o fruto de uma experiência pessoal, mas sim resultado do que ouvem de outras pessoas. Crescem em um ambiente, onde a fé se desenvolve de uma determinada forma, e dizem: “Eu creio dessa forma, porque a minha família crê assim”. Mas a amizade com Deus, exige uma busca pessoal. O testemunho de outras pessoas é muito edificante, mas só terá real efeito quando a experiência relatada nos motivar a estar­mos diante do Senhor, vivenciando nossas próprias experiências com Ele.

O Deus “da decepção” - alguns crêem que o Senhor é o culpado por uma decepção, ou uma oração não respondida, ou responsável por uma tragédia imerecida. Tratam a Deus como um “desmancha-prazeres”. Muitas decepções do passado podem ser inexplicáveis. No entanto, grande parte delas quando analisadas friamente, têm como maiores responsáveis os seres humanos. Mas, como um “mecanismo de defesa”, lançam a culpa no Criador. Tantas são as vezes que Deus nos consola, protege, livra e conforta … Devemos fugir da ingratidão. Não podemos esquecer o quanto o Senhor já fez por nós.

O Deus “Negativo” - pessoas que têm um “masoquismo espiritual”, achando que Deus não lhes permitirá serem expansivos, alegres e bem sucedidos. Tornam-se pessoas isoladas, sérias, rígidas consigo e com os outros, com feições tensas e com grandes dificuldades de ganhar almas para Cristo, pois dificilmente esta postura transmitiria a “verdadeira alegria da Boa Nova do Evangelho”. Quem age de maneira tão negativa, deveria lembrar de um dos menores e mais completos versículos da Bíblia: 2Ts 5:16 “Alegrem-se sempre”.

Imagem Projetada - enxergam Deus através da imagem que têm de si próprios. Quando estão de “bom humor” e com a auto-estima em alta, acham que “Deus é maravilhoso e fantástico”. Caso estejam num dia difícil e com baixa auto-estima, esbravejam contra Deus, dizendo que “Ele é o culpado pelas desgraças do mundo” etc. Sua imaturidade é perigosa, pois sua atitude pode desencaminhar a muitos, principalmente os que são novos na fé em Jesus.

O Deus “da barganha” - são pessoas que esperam “negociar” com Deus. Só obedecem a Ele se lhes fizer algo que desejam. Não percebem o ridículo de estarem querendo “vender a Deus” a sua fidelidade, ou o seu trabalho, ou seu louvor, em troca de benefícios que Ele possa conceder. O Senhor “sonda e conhece” o íntimo do coração do homem e sabe detectar suas verdadeiras intenções (SI 139:1 -4).

2. CONHECENDO VERDADEIRAMENTE A DEUS
Quando temos uma visão deturpada sobre Deus, nossa adoração será distorcida. Precisamos conhecer Sua natureza e caráter, para adorá-Lo de maneira mais significativa. Ralph Martin, em “Adoração na Igreja Primitiva” (Ed. Vida Nova), mostra que os princípios fundamentais da Adoração bíblica, começam na doutrina sobre “Quem é Deus”. Ele resume esta doutrina em 3 pontos principais :

Deus Existe: Seu Caráter Foi Revelado. Foi o próprio Deus, quem decidiu revelar Seu caráter e Sua natureza. Ele o fez como manifestação de Sua Graça, levantando homens que foram inspirados por Ele, para escreverem as páginas da Bíblia. Ela é a base segura, que determina o conhecimento do Senhor. Algumas “facetas principais” desta auto-revelação através da Bíblia, são:

Ele é majestoso em Sua santidade: A santidade de Deus, que nos inspira a um reverente temor, é uma instrução que percorre toda a Bíblia. Nossa aproximação diante dEle será feita na consciência de nossa fraqueza e da necessidade da Sua graça e perdão (Hb 12:28-29).

Ele é Todo-poderoso, mas também Todo-gracioso: O mesmo Senhor que é o Criador de tudo o que há, decidiu ser o Deus de toda a graça (I Pe 5:10). Ele assegura o acesso diante do Seu Trono, a todo o que tem a Jesus como o Senhor de sua vida (Hb 10:19-22).

Ele é o único Deus: deve ser adorado com exclusividade. A idolatria é um crime contra Deus, por tentar dar a Sua glória a qualquer coisa ou pessoa que pretende ser, mas nunca será Deus. (Êx 20:3-5; Is 42:8).

Deus dá: Suas dádivas são graciosas. Sabe por que devemos adorar a Deus? Porque desejamos dar-lhe nossas ações de graças, por tantas dádivas que nos ofereceu. Tg.1:17 revela que “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes”. Sua maior dádiva, foi dar Seu Filho Jesus, em resgate pelos nossos pecados. Ele o fez por amar o ser humano, que nem sempre O reconhece como Deus (Jo 3:16; Rm 5:7-8).

Deus Espera: Nosso Louvor e Adoração. Por tudo o que fez por nós (amou-nos, salvou-nos, abençoou-nos, conservou-nos) e ainda continua fazendo, devemos a Ele o oferecimento de nossos tributos de louvor e adoração, como “Culto racional” (Rm 12:1). Deus reivindica a nossa adoração, pois ela é a resposta apropriada a quem como nós, temos tanto a agradecer. Essa adoração não será com murmuração, mas num desejo profundo de exaltar a Quem tanto nos amou.

3. CONSEQUENCIAS DE UMA VISÃO CORRETA DE DEUS NA ADORAÇÃO.
Segurança - a adoração fortalece a confiança íntima (Fp 4:6-7). E uma “terapia” que levanta nossos olhos para o horizonte e nos faz andar confiantes e esperançosos (SI 3 7:5; Pv 3:5- 6).

Comunhão - a adoração nos aproxima de Deus e das pessoas (I Jo. 1:3). Faz desaparecer as barreiras entre os irmãos (At 2:42,46- 47).


Visão Transformada - quando vivemos na presença do Senhor, temos nossa visão do mundo mudada. O resultado da íntima comunhão com Ele cria em nós o desejo de colocar a honra de Deus, acima da própria segurança física. Mesmo diante dos dramas da vida, sabemos que a nossa esperança está no Senhor, que é Soberano sobre qualquer situação (At 16:25-26; Mt 19:26; Mc 10:27; Lc 1:37).

Evangelização - um culto digno do Senhor, faz crescer em nós o desejo de testemunhar de Jesus Cristo e anunciar as boas novas. Jesus convidou os discípulos a seguirem-No (Mt 4:19; Mc 1:17; Lc 5:10), mas os enviou sem obrigá-los a ir (At. 1:8). A comunhão com Ele e o Seu poder motivou toda a realização da tarefa missionária.

A visão correta sobre a pessoa de Deus não nos faz criaturas “doentes e problemáticas”, mas nos torna cada vez mais saudáveis e produtivas. Nossa vida pessoal é beneficiada, nossa comunhão com o Senhor e com os irmãos é revigorada e há uma explosão de amor, onde o nosso maior desejo é o de comunicar Jesus às outras pessoas.

|  Autor: Pr Josias Moura  |  Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |