A Justificação Pela Fé (Romanos 1.16,17)

14/05/2011 14:24

 Nós podemos perceber hoje em dia o grande interesse demonstrado pelas pessoas, quanto à busca por Deus e a comunhão com Ele. Porém, nem sempre essas pessoas se submetem às orientações da Palavra de Deus para que tal experiência se concretize.


Muitos caminhos têm sido tentados pelo homem: cumprimento de leis e mandamentos, prática de boas obras, abstinências e penitências, auto-flagelação, superstições, meditação transcendental, reencarnação etc. Entretanto, todos esses caminhos são equivocados e ineficazes para que o homem seja justificado diante de Deus.
 
De acordo com a Bíblia existe uma única maneira para que o pecador possa chegar até Deus. É o caminho da justificação pela fé em Cristo. Este é o tema da carta aos Romanos.

Mas, afinal, o que é "Justificação"? No quadrinho abaixo temos uma definição resumida desta doutrina.

A epístola

A carta aos Romanos, de autoria de Paulo, porém, escrita por Tércio (16.22), foi endereçada aos cristãos que viviam em Roma. Não se sabe ao certo como foi a origem dessa igreja. Porém, era uma igreja de renome mundial (1.8; 16.19). 

A carta foi escrita entre os anos 56 e 58 A.D., na cidade de Corinto. É um escrito substancioso e essencialmente doutrinário. Nas palavras do Prof. Findlay "esta é a obra-prima de Paulo. Nós o apreciamos aqui em toda a sua grandeza como pensador e teólogo construtivo. A epístola aos Romanos é a expressão completa e amadurecida das principais doutrinas do apóstolo, que as revela na devida ordem e Proporção e as combina em um todo orgânico. 

Para os propósitos da teologia sistemática, trata-se do livro mais importante da Bíblia. Mais que qualquer outro, ele determinou o curso do pensamento cristão" (Examinai as Escrituras / J.S.Baxter, Vida Nova, SP, p.69).

O primeiro contato de Paulo com a igreja de Roma se deu através desta carta. Nela o apóstolo expõe o seu pensamento teológico, objetivando conquistar a confiança e o apoio dos cristãos de Roma, de quem esperava que se tornassem seus companheiros de luta (15.30-33). 

Entretanto, sobre o propósito geral, Robert Lee declarou: "Esta carta responde à pergunta dos séculos: 'Como se justificará o homem com Deus?' (Jó 9.2). Ninguém pode julgar-se justo se não se justificar com seu Criador. É, ainda nesta carta que se revela e se expõe a maneira como Deus justifica. 

Seus versos-chave são 1.16,17. Estes dois versos podem ser considerados como o texto, e o restante da carta como sendo o sermão" (A Bíblia em Esboço, Editora Dois Irmãos Ltda., RJ).

"O apóstolo expõe de maneira serena, ordenada e aprofundada, a doutrina que já havia exposto de modo polêmico na carta aos Gálatas: a gratuidade da salvação pela fé. Ele mostra que só Deus pode salvar e que ele salva não apenas os judeus, mas toda a humanidade destruída pelo pecado. E Deus salva através de Jesus Cristo" (Bíblia Sagrada Edição Pastoral).

“Justificação é um ato da livre graça de Deus, no qual ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos diante de si, somente por causa da justiça de Cristo a nós imputada, e recebida só pela fé!” (Breve Catecismo de Westminster)

Paulo é categórico em afirmar que "o justo viverá por fé". Porém, como se dá esta experiência e quais as suas implicações? É o que veremos a seguir.

Lições principais

1 - A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

No capítulo 1.16,17 o apóstolo declara: "Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé".

Os três primeiros capítulos desta carta descrevem a real condição do ser humano: "Não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer" (3.10-12). 

E para sair desta situação, tornando-se justo diante de Deus, o caminho a ser trilhado não é o dos méritos pessoais (3.19,20,28). A justificação se dá "mediante a fé em Jesus Cristo, para todos (e sobre todos) os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça mediante a redenção que há em Cristo Jesus" (3.22-24). 

Esta é a essência da mensagem evangélica. E esse conceito de justificação é explanado do início ao fim nesta carta. Ele transforma-se em uma "marca registrada" da teologia de Paulo.

Atualmente, quando as pessoas têm revelado grande sede espiritual muitos são aqueles que têm adotado conceitos, atitudes e caminhos errôneos no anseio do encontro com Deus. Porém, há um só caminho e este é o da justificação pela fé em Cristo (5.1; 8.1).

2 - A MOTIVAÇÃO À OBEDIÊNCIA

“Em resposta à acusação de que a justificação pela fé encoraja o pecado – ‘Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?’ (6.1) - o apóstolo explica que o crente sincero voltou-se para Cristo a fim de escapar do pecado. Justificação produz santificação" (A Bíblia Vida Nova).

A justificação é uma graça transformadora que permite ao crente andar em novidade de vida. De escravo do pecado o homem passa à condição de servo de Deus. E através de uma vida obediente ele se empenha no exercício da santificação. Tal procedimento confirma e evidencia a experiência da justificação; também possibilita a certeza da salvação em Cristo (6.22,23).

O Espírito Santo habilita o indivíduo a obedecer a Deus voluntária e prazerosamente. É como diz Paulo: "Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e, sim, da graça? De modo nenhum" (6.1,2,15).

Em 2 Tessalonicenses 2.13-17, o apóstolo exorta os cristãos a esse viver obediente, próprio de quem já foi justificado.

3 - O DESAFIO AO SERVIÇO

A obra da justificação transforma o homem também no sentido de torná-lo útil em todos os seus relacionamentos. Como já foi dito no início, a justificação é uma obra da livre graça de Deus. E a consagração para o serviço é uma resposta do crente a esta graça. 

"Por causa dessas misericórdias, cada crente deveria preencher a sua função particular com diligência e simplicidade. Semelhantemente, no Estado, cada crente deve ser um bom cidadão. E nas questões sociais os crentes mais maduros deveriam acomodar-se aos irmãos mais fracos, que ainda estão presos a escrúpulos supersticiosos" (A Bíblia Vida Nova).

Esse serviço deve ser desenvolvido nas diversas esferas de nossa vivência como se pode ver nesta carta: a Deus (12.1,2); à igreja (12.3-8); aos irmãos na fé (12.9-13; 14.1 a 15.7); ao Estado (13.1-7); aos homens em geral (12.14-21; 13.8-10).

Na carta aos Efésios, ao tratar deste assunto, Paulo fala não só da natureza da justificação, mas também de seus resultados e desafios: "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10). Na carta escrita a Tito, Paulo novamente mostra que as implicações finais da justificação apontam para o serviço, as boas obras (Tt 2.11-14). 

Da mesma forma, o apóstolo Pedro afirma que a nossa justificação deve resultar em serviço: "a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (I Pe 2.9).

A justificação nos transforma em servos de Deus e nos desafia ao serviço